sábado, 21 de junho de 2014

O Homem Duplicado

O Homem Duplicado
Título Original: Enemy
Direção: Denis Villeneuve
Roteiro: Javier Gullón, baseado no romance “O Homem Duplicado” de José Saramago
Elenco: Jake Gyllenhaal, Sarah Gadon, Mélanie Laurent, Isabella Rossellini, Stephen R. Hart
Produção: Canadá / Espanha
Ano: 2013 (estreou em 19/06/2014 no Brasil)
Duração: 90 min

Sinopse: Adam Bell (Jake Gyllenhaal) é um professor universitário que tem sua vida monótona abalada quando, a partir de uma cena de um filme em DVD, ele constata que um ator e terceira,  Anthony St. Claire (representado também por Jake Gyllenhaal) tem a fisionomia idêntica à sua. Então, achar este ator vira uma obsessão, com resultados trágicos para ambos.

O filme é uma grande metáfora sobre a desumanização imposta pela cidade grande a seus habitantes, sentida pelo cenário cinzento de Toronto, muito similar a São Paulo (ou qualquer outra grande cidade). O único colorido mais forte vem justamente dos filmes em DVD que Adam assiste.

Ironicamente, Adam como professor de história repete uma aula que trata justamente dos padrões históricos que se repetem, com ênfase no uso de formas de controle da população. No entanto, ele mesmo está preso a padrões, seguindo uma rotina diária: vai à universidade, dá sempre as mesmas aulas e faz sexo quase que mecanicamente com a namorada.

Seu alter ego, Anthony, também está preso a padrões, apesar do relativo sucesso financeiro e estar casado com uma bela mulher, Hellen (Sarah Gadon): fez apenas três papéis insignificantes, sobrevive profissionalmente como modelo e tem um relacionamento superficial com a esposa.

Paralelamente, desde o começo do filme somos confrontados com cenas oníricas, que lembram “De olhos bem Fechados” de Kubrick: um espetáculo erótico sombrio, até doentio, que ficamos em dúvida boa parte do filme sem saber se aquilo é real ou o sonho de um dos dois, mas que será fundamental para o desfecho da trama.

Para complicar ainda mais, algumas cenas são flash backs (como uma interrupção da relação sexual feita pela namorada de Adam), que não parecem ser flash backs no momento em que são apresentadas, pois podem ser parte da sequência lógica do filme e só percebemos isso perto do final.

Atenção! Spoiller:
Quando Adam tenta contatar Anthony pela primeira vez quem atende o telefone é Hellen. A partir daí ela ganha um papel crucial na trama. Hellen procura Adam sem revelar quem é e isso vai despertar um ciúme doentio em Anthony, que busca se vingar.




Comentar mais seria tirar o sabor da trama, que vai se conduzindo até uma desfecho surpreendente e assustador.

Jake Gyllenhaal representa soberbamente seus dois papéis: Adam, inseguro e tímido e Anthony, arrogante e violento, reforçando estes comportamentos com posturas corporais e tons de voz distintos.

A concepção da trama tenta fazer transcender do drama pessoal de Adam/Anthony para o universal: todos nós somos ninguém, presos numa teia a merce de um poder supremo e impessoal que nos devora, chamado civilização.


trailer



Detalhe Nerd (um ligeiro Spoiler)

A aranha que aparece no cartaz dominado a paisagem e em uma das cenas do filme é uma das aranhas de ferro fundido da escultora francesa Louise Bourgeois. Uma delas está em exposição no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM), localizado na Grande Marquise do Parque Ibirapuera.

Aranha de Louise Bourgeois

As aranhas (reais e imaginárias) tem um papel simbólico importante no filme, com vários significados, inclusive a representação que Louise Bourgeois pretendeu evocar com suas esculturas.

Quer saber qual é? Veja o filme, depois pesquise!