domingo, 11 de dezembro de 2011

Insanas... elas matam! - Horror feminino em alta

Insanas... elas matam
Autoras: Ana Cristina Rodrigues (prefácio), Alícia Azevedo, Alma Kazur, Bruna Caroline,Carolina Mancini (convidada), Celly Borges (convidada), Débora Moraes, Georgette Silen, Gisele G. Garcia, Laila Ribeiro, Laris Neal, Natália Couto Azevedo, Roberta Nunes, Sandra Franzoso, Suzy M. Hekamiah (convidada), Tatiana Ruiz
Editora: Estronho
Ano: 2011

Sinopse:  coletânea de contos de terror e horror escritas por mulheres e em sua maioria com protagonistas femininas.

A Estronho tem buscado criar um catálogo de livros organizando coletâneas de forma criativa e inteligente. Insanas é um excelente exemplo de como isso funciona. Os editores não tiveram medo de ousar, tanto na capa, na diagramação e no projeto gráfico como um todo, como na seleção de textos, ainda que nem todos possam gostar de algumas ousadias (se houvesse unanimidade, não seria ousadia). Das ousadias gráficas gostaria de destacar a capa, as fotos internas e um recurso pra valorizar o título que é colocar fonte diferente algumas palavras que acabam formando o título.

O prefácio de Ana Cristina Rodrigues faz o que deve de maneira elegante e rápida, como deveriam ser todos os prefácios. Abre um pouco a cortina, sem dar spoiler e sem fazer elogios óbvios. Dali pra frente o risco é do leitor.

Atenção! Nas resenhas a seguir há pequenos spoilers.

O Bem e o Mal
Sandra Franzoso

Amanda é uma moça que faz todos felizes. Cansada de ser “boazinha” e descobre que é assim porque decidiu ser. Segundo ela mesma ela fazia as pessoas felizes porque “apertava os botões certos”. E o que aconteceria se decidisse ser má?

Uma psicopata muito bem caracterizada.

Tinta Vermelho Sangue
Bruna Caroline

A tinta vermelha poderia realmente ser feita de sangue?
Boa ideia.

A última oração

Um espírito obsessor persegue uma noviça, matando todos que chegam perto dela. Conto valorizado pelo seu final.

Do inferno
Georgete Silen

Quem foi Jack o Estripador? Autora parte de duas pistas e de alguns dos crimes para traçar um perfil do assassino e dar voz a ele. Escrito em primeira pessoa, permite que os pensamentos íntimos do assassino venham ao leitor, tornando o serial killer mais humano e por isso mais assustador. Boa sacada.

A Fazenda
Alma Kadur

Clássica história de casa mal assombrada, mistura elementos da cultura e história romena com a brasileira. Um texto bem feito.

Vítimas
Celly Borges

Uma bem construída história sobre o mal que cada um carrega. Há varias reviravoltas todas congruentes com a proposta do texto.

Anita
Carolina Mancini

Uma boa história envolvendo sexo e sangue. As cenas eróticas seguidas de violência são muito bem escritas.

O Relógio Perfeito
Natalia Couto Azevedo.

Contado em uma sequência de tempo invertida, fala sobre a obsessão de uma cientista em construir o relógio perfeito. Mas... a que preço?

Este conto me lembrou um texto gótico pouco conhecido de Julio Verne, escrito em 1874: Mestre Zacharius, onde a obsessão é mesma e o resultado igualmente catastrófico.  

Excelente!

Bianca
Gisele G. Garcia

O quão terrível pode ser a vingança de uma mulher abandonada?
Muito bom.

Desagravo
Laila Ribeiro

Duas raças de feiticeiros em guerra disputam a lealdade de uma hibrida. Sedução e vingança dão o tom. Muito bom.

Pecado original
Roberta Nunes

O título remete à visão distorcida do pecado original de que a mulher, por ter tentado Adão é responsável pela desgraça do mundo. No conto o mito é invertido. Em uma sociedade dominada por mulheres, os homens são oprimidos de todas as formas. O conto é centrado em Maria uma personagem cruel e detentora de poderes similares a  um julgador da Santa Inquisição.

O conto procura levantar uma bandeira feminista, fazendo esta inversão, um recurso muito utilizado para deixar claro o grau de opressão para quem é insensível a outras abordagens. A autora consegue fazer isso sem que o texto pareça panfletário. Excelente.

Quer uma torrada?
Débora Morais

Um relato desvairado de uma mulher que narra um crime como se fosse parte de seu café da manhã. O crime aconteceu mesmo? Muito bem escrito.

Memórias
Alícia Azevedo

Outro conto em que ocorre uma inversão do tempo no desenrolar da narrativa. Uma psicopata descreve a sua trajetória de crimes de sangue e sua busca de um parceiro similar para entender seu  comportamento. Dr Jekill e Jack o Estripador aparecem fazendo “ponta”. Algumas boas sacadas valorizam o texto.

Amor Masoquista
Laris Neal

O título mostra o que é o conto: uma descrição de uma relação onde o sofrimento e prazer andam juntos. O que faz com que o conto fuja do convencional é que a provocação da dor está relacionada com o ciúme.

O livro como um todo cumpre a promessa de diversão com bons textos, mesmo das autoras iniciantes. Alguns contos se destacam pela temática ou por algumas sacadas. A maioria deles são pelo menos bons. Vale a leitura para que gosta de histórias de horror clássico e sangrento. 

5 comentários:

  1. Natália Couto Azevedo11 de dezembro de 2011 às 23:14

    Olá! Nunca li o texto do Julio Verne que vc comentou, vou procurá-lo. Feliz que gostou do conto!
    Abraços

    Natália Couto Azevedo

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  2. Opa, vou colocá-lo na minha lista de leitura. Boa resenha Álvaro. Fiquei curioso em ler o conto da Natália pois sou fã do Zacharius do Verne.

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  3. Ramon e Natália. Eu era fã de Júlio Verne quando adolescente e li este conto quando tinha 14 anos. Nunca mais esqueci dele.

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  4. Alvaro, gostei da resenha. Gosto quando é feita conto a conto.
    E obrigada pelo "bem escritas" sobre o conto Anita.

    Estar nessa antologia e ler opiniões sobre ela é sempre muito bom.

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  5. Ser uma INSANA é uma grande honra. Ainda mais quando as resenhas, críticas e comentários são sérios e provam que o você realmente leu o livro, mergulhou nesse nosso universo. Obrigada, Álvaro!

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